Colina Meio-Sangue

Quando ele me beijou, correspondi ao beijo e acariciei a face dele delicadamente. Deixei-o aproveitar ao máximo o momento, sem a menor menção de bater nele ou algo assim. Não seria o pouco espaço que impediria um filho de Atena de bater nele, além do mais não precisava pronunciar palavras arcanas para atingi-lo com magia. Quando ele terminou, olhei-o e dei um sorriso. A intensão? Deixa-lo pensativo. Apenas o olhava e avaliava, sem deixar nenhuma palavra escapar de meus lábios. Quando achei que o silencio se perdurou por muito tempo, dei mais um selinho nele antes de sussurrar. - Não espere que pouco espaço me impeça de bater em você. E se lembre, filho de Nyx, a magia é instável. Agora pode lhe auxiliar, mas também pode lhe queimar se não souber respeita-la. - Depois disto, voltei a me acomodar na grama.

Fechei os olhos e fiquei ali deitada respirando calmamente antes de falar alguma coisa. Virei para ele e dei um sorriso. Meus olhos bi colores fitavam-o intensamente. Talvez o mais desconcertante fosse o dourado. Ou seria o prateado? Será que ambos eram igualmente desconcertantes e, juntos, tornavam-se desconcertantes? Não importava. Eu gostava deles deste modo. - O que acha de crianças? - Aleatória. Sim... Eu era quase uma filha ou seguidora de Caos. Dei um sorriso, fechando os olhos.

Comparar crianças a carvão... Acho que compara-las a areia poderia ser melhor. Sob a pressão e o calor certo, se transformaria em algo de suma importância para a vida. Sem um dos componentes, seria para sempre areia. O calor, neste caso, seria a afetividade e o amor. A pressão seriam os ensinamentos e responsabilidades que lhe fossem passadas. Em equilíbrio, poderia ficar perfeito, porém do mesmo modo que aceitava bem o calor, o perdia na mesma velocidade. Se não fosse feito o trabalho rápido, nada seria realmente concluível. - Compreendo. Preferia compara-las a areia... Mas, enfim...

Quando ele comentou e se aproximou de mim para me beijar, olhei-o fixamente e não fiz menção de impedi-lo. Quando ele me beijou, segurei os cabelos dele e retribui o beijo, afagando os cabelos dele. Deixei que ele guiasse o beijo entre nós e depois o parei aos poucos e olhei-o nos olhos. Empurrei-o levemente para longe e me sentei, suspirando. - O que tem nos meus lábios que te atrai tanto?

Sentei e abracei-o por trás, apoiando a cabeça em seu ombro, beijando o pescoço dele delicadamente. Acariciei o peitoral dele delicadamente com os dedos e ergui o olhar para ele. Sabia que estava afetado pelo que estava acontecendo e pretendia auxilia-lo um pouco com aquilo tudo. Minha respiração estava falsamente controlada enquanto o observava pensando. Ergui uma das mãos a sua face e a toquei com a ponta dos dedos. - Está tudo bem, não precisa responder. Só precisa se preocupar se gosta ou não. - Retornei a mão ao peitoral dele, deixando-as repousando ali.

Fiquei olhando-o com calma e acariciei o peito dele antes de lhe responder. Como diria aquilo? Não poderia virar e dizer que estava afim dele de forma tão abruta assim. Não desfiz o contato visual com ele ou me afastei, permanecendo ali abraçada com ele. Pressionei meu corpo contra o dele e beijei-lhe no rosto. - Eu tenho a resposta. - Sussurrei para ele.

Abraçados, dei um selinho nele e fechei os olhos. Minha respiração estava levemente acelerada agora enquanto eu refletia e analisava cada detalhe do que acontecera ali. Processando os dados em uma velocidade absurdamente alta para uma pessoa normal, eu era a aberração a natureza mortal daquela noite. - Os deuses gostam de brigar. - Falei baixinho.

Aceitei o comentário dele sem fazer mais replicas sagazes. Correspondi aos beijos e afagos dele, brincando e rindo baixinho, incitando-o com sussurros baixos enquanto nos beijávamos. Quando separamos as fazes, beijei o pescoço dele de leve. - Como queira. - Sussurrei.

Afaguei-o e fiquei observando-o com calma enquanto ele me observava. Não dizia nada, apenas respirava. Dando-lhe um selinho, dei um sorriso e fiquei a encara-lo com calma. - Não tente ler minha mente, Mentalista. - Sussurrei. Ele achou mesmo que não perceberia o que estava fazendo? Sabia que a mente de um filho de Atena poderia enlouquecer uma pessoa, ainda mais quando esta está impregnada pela benção da magia.